Da natureza do amor

Entre as poucas verdades que já compreendo está a de que ninguém, senão eu mesmo, pode me fazer pleno. Ilusão pensar que outra alma terá tal poder de encher-me de vida. Curioso, portanto, chegar à conclusão de que uma relação plena entre dois corações só acontece entre almas que não se precisam, mas que se regozijam em sua plenitude, que podem dar do que têm e não vivem a subtrair do coração agrilhoado doses diárias de amor, num vício que as fragiliza nas incertezas e desencontros da vida.

O que me segreda a consciência é que nenhuma outra alma está destinada a me tornar pleno. Nenhuma outra alma nasceu para me amar. Nasceu - isto sim - para converter-se ela mesma na sua fonte de amor. E assim, autônoma, ser capaz de amar libertária e incondicionalmente.

Amar em plenitude não significa, para mim, amar com exclusividade. Primeiro, porque é da natureza do amor ser inclusivo. O amor jamais descarta corações que já tocaram a profundidade de seu universo íntimo, que provaram de sua beleza, oculta e manifesta, e que já degustaram nos beijos as lágrimas do amor.

Verdadeiros amores não são jamais esquecidos. Simplesmente passam a povoar o campo dos sonhos, na impossibilidade de um beijo desafiar a realidade e rasgar um véu de cômodas aparências.

Comentários

Marga Engels disse…
"Uma relação plena entre dois corações só acontece entre almas que não se precisam, mas que se regozijam em sua plenitude, que podem dar do que têm e não vivem a subtrair do coração agrilhoado doses diárias de amor, num vício que as fragiliza nas incertezas e desencontros da vida".

Sim, amor, a liberdade nas diversas formas de amar, não dá espaço para o vilão, "O MEDO", causador das incertezas e inseguranças...
Mirian disse…
Estamos ainda longe do estágio de entendermos isso, Migo. Parabéns pelo
texto!
Bjo

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