Saudade



Um dia foste tátil
Foste pele sobre o meu ardor
Teus olhos, eu os via não na escuridão de hoje
Mas sob a luz de dias inesquecíveis.

Um dia brincaste com minhas mãos
Tocaste-as como se buscasses a realidade do momento
E eu percebi que te agarravas a elas
Como se pretendesses prender o tempo
Esse tirano odioso dos amores apartados.

E num dia, numa cruel manhã,
Viraste nuvem
E eu, lembrança
Habitante de uma quimera
Alienígena de um mundo distante.

Ai, Deus, é a saudade benção ou maldição?
Consolo ou comiseração?
Martírio dos que em vão esperam
Doce espera de quem sabe
Um dia
Um beijo
Selará o fim da longa agonia.

Comentários

Marga Engels disse…
Chorei!!! Amo essa tua especial maneira de nos emocionar. Parabéns!!

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